Olá, brechozeiros! Você já se perguntou por onde sua roupa passou antes de chegar na loja onde você compra? Por aqui, já falamos como a indústria da moda possui muuuitos processos até uma peça de roupa passar a existir. Mas já pensou poder acessar todas as etapas de produção da peça pelo seu celular?! Agora isso é possível com a ajuda da tecnologia Blockchain!
Para saber como isso acontece, vem comigo que te explico todo esse movimento que veio para mudar a indústria da moda!
O que é, então, esse Blockchain?
Essa tecnologia é muito utilizada no universo financeiro, e foi essa área, inclusive, o que a popularizou. Mas ela vai além do mundo das finanças, e pode ser usada em vários outros modelos de negócios onde sejam necessárias a descentralização de dados e a confiança mútua entre as partes envolvidas.
“Imagine um extrato bancário. Você tem 100 reais, gasta 10 e fica com 90 reais. Depois gasta mais 50 e fica com 40 reais. Aí você ganha 100 reais e fica com 140 reais. O que interessa, na verdade, é o resultado final, ou seja, os 140 reais. Entretanto, você fica com todo o histórico de quanto tinha em cada passo e isso nunca é removido do sistema. Assim é como o Blockchain trata os dados. Você sempre tem o último dado de valor na tela do seu computador, mas nunca deixa de ter o histórico dele”, explicou Eric Luque, co-fundador da Ecotrace, a empresa responsável pela plataforma de T.I.
Luque continuou, afirmando que quaisquer etapas inseridas ou modificações que venham a acontecer no processo serão armazenadas digitalmente por todas as partes que tiverem acesso ao sistema, ou seja, temos uma cadeia de informação transparente e confiável, com dados rastreáveis.
Resumindo, é um grande histórico que mostra tintim por tintim as movimentações feitas pelo produto, sem tirar o foco do resultado final, E agora, essa tecnologia faz parte da indústria da moda! E tudo isso começa com a fibra mais amada e procurada: o algodão.
O movimento “Sou de Algodão”
Em 2016, foi lançado no São Paulo Fashion Week o movimento Sou de Algodão, que nasceu para despertar uma consciência coletiva em torno da moda e do consumo responsável, unindo os principais agentes da cadeia produtiva e da indústria têxtil, promovendo a sustentabilidade.
No dia 7 de outubro, Dia Mundial do Algodão, foi lançado o Programa SouABR (Sou de Algodão Brasileiro Responsável), que conta com um aplicativo que demorou um ano e meio para ser desenvolvido, e busca oferecer transparência ao consumidor oferecendo informações sobre a origem certificada do algodão e o processo de produção da peça adquirida.
O consumidor consegue ter acesso a tais dados através de um QR Code na etiqueta da roupa, conhecendo desde a fazenda em que o algodão foi cultivado, passando pela fiação, até a tecelagem ou malharia que desenvolveu o tecido ou a malha. E, segundo as empresas envolvidas, todas as peças rastreáveis do programa possuem no mínimo 70% de algodão em sua composição e têm certificação socioambiental ABR (Algodão Brasileiro Responsável), que entrega à indústria o comprometimento dos produtores com os três pilares da sustentabilidade: social, ambiental e econômico.
O elemento inovador aqui é, principalmente, o uso da tecnologia Blockchain, sendo que o SouABR é o primeiro programa que a utiliza para a rastreabilidade da indústria têxtil do Brasil. Claro que, além de inovador, nos leva um passo mais perto da sustentabilidade e do consumo e produção consciente, não só pelas partes envolvidas, mas é um movimento inspirador.
Considerando que produtos têxteis podem levar mais de 200 anos para se decompor naturalmente e que, segundo o World Resources Institute, são necessários 2.700 litros de água para fazer uma camisa de algodão, marcas do mundo inteiro estão se adequando ao consumo consciente de moda.
O cenário do algodão no Brasil
Atualmente, o Brasil é o 4º maior produtor de algodão, o 2º maior exportador de fibra, e o maior fornecedor de algodão sustentável do mundo.
De toda a produção de algodão da indústria têxtil nacional, que varia de 2 a 3 milhões de toneladas por ano, cerca de 81% saem certificadas pela iniciativa SouABR, que contempla 178 itens, classificados em oito critérios principais: contrato de trabalho; proibição do trabalho infantil; proibição de trabalho análogo a escravo, indigno ou em condições degradantes; liberdade de associação sindical; proibição de discriminação de pessoas; segurança, saúde ocupacional e meio ambiente do trabalho; desempenho ambiental; e boas práticas agrícolas.
Representante legítima do setor, a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) é a voz que fala pelos cotonicultores brasileiros, de todos os portes, no Brasil e no mundo. Hoje, a Abrapa representa 99% de toda a área plantada, 99% da produção e 100% da exportação de algodão no Brasil.
“Sempre quisemos que o consumidor conhecesse quem nós somos e como cultivamos o algodão que ele veste”, afirma Júlio Cezar Busato, presidente da Abrapa.
Os primeiros passos da indústria da moda
A primeira coleção incluída no programa SouABR foi lançada em outubro pela marca Reserva, pertencente ao grupo AR&Co, para o público masculino.
Rony Meisler, CEO da AR&Co, explicou que agora todos os clientes da Reserva terão peças totalmente rastreáveis da semente ao guarda-roupa, pois, por meio de um QR Code, será possível saber quem produziu o algodão que fez aquele produto, até ele chegar nas mãos do consumidor. E Claudia Moraes, diretora de Sourcing do grupo, justificou que este pioneirismo está totalmente alinhado com o propósito de transparência da empresa.
E qual o impacto positivo disso tudo?
Devido à globalização e às redes sociais, muitas marcas sofrem com falsificação e/ou com as famosas “fake news”. Com a identificação atrelada a um QR Code, existe uma oficialização e certificação de que na cadeia têxtil da peça não existe, por exemplo, mão-de-obra infantil ou escrava, entre outros males; o consumidor consegue visualizar dados confiáveis e entender de onde vem o produto, e pode sentir orgulho porque a empresa cuida da sustentabilidade, das pessoas e do mundo.
Além dessa transparência e confiança entre marca/consumidor, esse programa é inspirador para outras marcas, podendo assim, futuramente, causar um efeito dominó positivo em que mais e mais empresas se juntem ao movimento. É um passo em direção à sustentabilidade, um passo em direção à uma humanidade mais ética!
Você não gostaria de poder ter uma prova visual confiável de que suas marcas favoritas são de fato éticas e sustentáveis? Eu sei que eu sim! Então devemos apoiar esse movimento e parabenizar as empresas que tomaram essa iniciativa.
Se você se interessa pelo assunto e quer ver mais sobre a indústria do algodão no Brasil, recomendo o documentário curto “Plantar e Colher: A Retomada do Algodão Orgânico da Paraíba”, que mostra o sucesso do algodão orgânico, e te convido a conhecer o podcast BRIFW – Brazil Immersive Fashion Week (você encontra no Spotify) para entender mais sobre assuntos de moda digital e tecnologia.
Mas a melhor roupa, é a que já existe!
Mudanças que visam mais transparência e sustentabilidade dentro da indústria da moda são sempre bem vindas. Mas nós sabemos que uma das melhores soluções para alcançar esses ideais em sua maior potência é reutilizar peças que já existem, sem ter como intenção produzir ainda mais. O nosso planeta possui recursos finitos, e o “jogar fora” não existe de verdade, afinal, tudo vai para algum lugar. Por isso, devemos pensar em formas de continuar com o fenômeno da moda sem que haja a necessidade de peças novas, e sim, novos jeitos de usar peças.
Nós, como brechó, apostamos todas as nossas fichas nesse movimento lá em 2011, e ficamos cada vez mais felizes em ver como ele cresceu nos últimos anos. E agora, contamos com você para nos ajudar a ajudar o planeta. Bora lá?
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